quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ricardo Reis: memória descritiva - proposta 2



Na composição visual de Ricardo Reis optámos por utilizar tons pastel, símbolo de serenidade, calma e ataraxia. O fundo é semelhante à textura e cor de um papel antigo, relembrando o classicismo presente no heterónimo. Os diversos tipos de letra utilizados são igualmente trabalhados, redondos e lembrando manuscritos, não só estando relacionados com o classicismo como também com o facto de Reis ter sido descrito na carta a Casais Monteiro como "médico de profissão", assemelhando-se, desta forma, à típica letra de médico. As frases ou segmentos escolhidos são retirados de poemas do heterónimo em questão, e pretendem dar a ideia das suas características fundamentais, tais como: o Estoicismo, o recurso à mitologia, a soberania ao fatum, o Carpe Diem, a fugacidade da vida e o modo como a vive (com tranquilidade, aceitando o fim desta).
Frisámos o facto de Reis "contemplar" o que o rodeia em vez de simplesmente "ver" como o seu mestre, Alberto Caeiro. Reflexo da sua formação académica, vê, sob uma outra perspectiva, o mundo que o rodeia.
Quanto à técnica utilizada, usámos apenas o Adobe Photoshop CS4. Somente uma das layers apresenta diferente opacidade, com o objectivo de reforçar o conteúdo do verso correspondente "Contemplação estéril e longínqua". Além deste processo, tentámos que alguns dos versos integrantes aparecessem incompletos na composição, dando assim a sensação de continuidade e tranquilidade. Evitámos, assim, que a composição parecesse estanque.


Optámos pela realização de uma nova composição visual, uma vez que considerámos que o fundo do projecto anterior era o que lhe dava vida e atribuia uma simbologia ao Classicismo (uma vez que era um simulava um pergaminho). Sendo assim, escolhemos um fundo sóbrio, em tons cinza, que remetem para a neutralidade e, consequentemente, para o Classicismo. Esta função é também desempenhada pelos tipos de letra utilizados. As frases que integram a composição foram, mais uma vez, retiradas de poemas do heterónimo, sendo a posição de destaque ocupada pelo vocábulo "fatum", conceito crucial na poesia de Reis - "Acima dos deuses, o fado".


Decidimos refazer, pela segunda vez, a composição tipográfica respeitante a Ricardo Reis uma vez que considerámos que a tipografia anterior vivia, sobretudo, do degradé, ou seja, da cor. Deste modo, dado que se pretende que as letras e as palavras sejam a sustentação primordial da imagem concebida, substituímos o gradiente de cores neutras por um texto de fundo, deixando-o, como é visível, para último plano mas conferindo, sem dúvida, uma textura especial à tipografia e uma união dos seus elementos. O texto, embora seja ilegível, aborda as principais características de Ricardo Reis, estando escrito em linguagem coloquial.
Assim, optámos por manter as cores das letras, pretas e cinzentas, por serem símbolo de neutralidade – desta forma, encontram-se em tudo relacionadas com as características do heterónimo em questão, que prima pela calma, ataraxia e serenidade. Os tipos de fontes utilizadas mantiveram-se por conferirem na perfeição um carácter clássico à tipografia – um dos traços mais marcantes e sui géneris de Reis.
 Após as alterações enumeradas anteriormente, consideramos que a composição tipográfica se encontra devidamente fundamentada no poder da organização e estilo de letras e palavras, e não noutros elementos visuais.

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