quarta-feira, 6 de abril de 2011

Alberto Caeiro: memória descritiva - proposta 2



Caeiro, o mestre dos heterónimos, estabelece com a Natureza uma intrínseca relação de proximidade, admiração e depêndencia, sendo esta a característica principal do "guardador de rebanhos". Como tal, optámos pela representação gráfica do meio natural, utilizando para o efeito o desenho de uma árvore, obtido  através da letra Y, símbolo da estrutura principal: tronco e dois ramos. As folhas foram representadas por diversas letras do alfabeto, simbolizando a diversidade natural que rodeia o poeta - todas as formas de vidas são distintas, singulares, únicas. Como plano de fundo, incorporámos na composição visual o poema completo de Caeiro apresentado na proposta 2. Em termos de estrutura e composição, considerámos que um tom neutro (cinzento escuro) iria destacar o elemento natural, a árvore. Quanto ao tipo de letra utilizado, optámos por um que relembrasse a escrita manual, infantil, uma vez que um dos aspectos caracterizadores do autor é a educação primária. As diferentes letras que abandonam a àrvore contém opacidades distintas, para que haja diferenciação de planos: maior ou menor proximidade do observador. Em termos de organização espacial, a árvore situa-se em primeiro plano, mas não no centro, na periferia, uma vez que a zona central e o lado direito são preenchidos por um emblemático verso do heterónimo: "Só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido", frase esta que se desvanece como se o vento tivesse por ela passado, num sopro calmo, constante e natural.


Depois de mostrarmos ao professor a nossa proposta e de recebermos conselhos bastante úteis, decidimos apresentar, em segundo lugar, a composição melhorada. Assim, sentimos a necessidade de ajustar, de igual modo, a memória descritiva para que o trabalho mantenha a sua coerência.
Optámos por voltar a representar graficamente um elemento natural que caracterizasse o aspecto dominante do poeta. Assim, a árvore manteve-se, conseguindo expressar tudo o que queríamos demonstrar através dela, lembrando mais uma vez que Caeiro é o "poeta da Natureza" e o "guardador de rebanhos". Importa referir que, tanto nesta composição visual como na anterior, apenas utilizámos o Adobe Photoshop CS4.
O fundo manteve-se; contudo, os versos que o preenchem encontram-se agora incompletos, de maneira a dar a sensação de continuidade, de liberdade, de letras levadas pelo vento. A cor do tronco foi melhorada, apenas para dar mais luz à composição e também para reforçar o carácter natural que deve estar sempre presente, tal como na poesia do heterónimo. As letras que representam as folhas da árvore apresentam-se agora a branco para chamar mais a atenção e têm diferentes níveis de opacidade para dar a ilusão de existência de diversos planos. As folhas que são levadas pelo vento estão agora representadas de forma mais fluída, mais livre, mais natural e poética. A citação foi retirada para dar maior destaque aos elementos visuais. Na nossa opinião, descortinava demasiado a intenção do trabalho, retirando ao observador a capacidade de conjecturar e de ser subjectivo na sua interpretação. As letras têm agora um maior poder.

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